Artigo palestrado por Kátia Regina Luz no VIII
Encontro Inter-religioso da FACASC com o tema: Tolerância e Fraternidade: A
vida em primeiro lugar
Sarava, saravá!!!
Peço a benção a todes, minhas irmãs e meus irmãos de fé e de
caminhada evolutiva
É uma honra Celebrar o Dia Internacional da Tolerância
instituído pela ONU, esta oportunidade nos impulsiona a sair do estado de vítima
para a de protagonista na co-criação de um mundo melhor.
É dever de todos nós, que desejamos viver em paz e fraternalmente,
contribuir de forma ativa nessa Ecologia Social e na Ecologia Ambiental que é
viver em estado de tolerância, isto é, como humanos com dignidade, justiça e
equidade.
O Planeta é um Ser Vivo e devemos cuida-lo e isso inclui
cuidar primeiro da Vida, da nossa vida, da vida do outro, da vida da flora e da
fauna, da Natureza. Nosso planeta é lindo, Deus nos proporcionou toda essa
Beleza e quando não vemos beleza é porque estamos fragmentados, separados do
todo.
Todo azul – nós também somos todo
azul – é a 1º camada de luz no nosso corpo humano que somos formados pelo corpo
físico – etérico – emocional – mental inferior e superior – espiritual – Espirito
(divina Presença)
Isto ocorreu em novembro de 1984.
Eu tive a visão do Planeta quando,
involuntariamente, fui projetada do corpo físico ao cosmos. No momento, me
vendo flutuar em pleno Universo pensei que tinha morrido e sem saber o que
fazer naquele instante, perguntei à Deus o que estava acontecendo, se aquilo ali
era morrer, questionei o momento, porque exatamente naquele momento? eu estava
na arquibancada de um estádio assistindo um jogo de futebol; porque não
escolher outra hora?
Comecei a sentir medo, e com todas essas dúvidas pedi
auxilio a Deus. Pedi uma “mão” e olhei mais para cima de mim e vi, vi uma
grande mão e eu me esforcei muito a chegar até ela, e me agarrei com tudo. Olhei
para saber de quem era aquela mão forte, linda, brilhante, morena. Um homem
negro veio e meu deu a Mão. Ele tinha barbas brancas, usava uma roupa branca e
uma pequena cruz de madeira no pescoço, olhos escuros de um amor profundo, rosto
redondo e um largo sorriso que me acolheu. Naquele momento eu soube que somos,
verdadeiramente, protegidos por uma larga camada de Seres de Luz.
Segurando firme naquela gigante mão que me
sustentou, olhei para baixo, dando meu “último olhar” e me despedindo da terra
e vi o Planeta, lindo, flutuando na galáxia sem nada próximo, um ar puro em
volta de si, todo coberto de um azul brilhante translucido, incrivelmente,
Belo. Neste momento, do nada, comecei a descer muito devagar, mas sentido
entrar na crosta terrena, mirei a América do Sul, busquei Santa Catarina, mirei
Florianópolis, mirei o Estreito, o estádio e ... ufa!! mirei eu e .... voltei!
meu coração batia com muita velocidade, meu amigo ao meu lado apavorado e
perguntava se eu estava bem ..... enfim nos próximos dias sucessivos, busquei
entender o que aconteceu, todavia voltei aquela pequena mente fragmentada, ao padrão
normal de ser porem um minúscula partícula modificou-se e essa partícula fez
toda a diferença para eu estar onde estou com a mente mais aberta e disposta a
melhorar cada vez mais.
Este foi um momento Numinoso e todos nós já tivemos momentos assim
que nos trouxeram para a Casa, para o Pertencimento do Todo. Foi assim que
comecei a ser tocada que nada era o Outro e tudo era Eu.
Ninguém nos ensina a fazer parte, como não somos ensinados a
sermos filhos, nem pais, nem irmãos e a maioria nós sente-se incapazes,
invisíveis para participar de uma ação ou mesmo de estar junto na construção de
um mundo de paz e fraternidade – porém Ganhi já dizia: a Paz é o caminho -
As pessoas vivem na fantasia da impotência, do reducionismo, da separatividade. Essa fantasia
acontece na mente do ser humano, em nenhum outro lugar e é nos dita no
preambulo do ato constitutivo da Unesco “que as guerras nascem no espirito dos
homens, e é nele, primeiramente que devem ser erguidas as defesas de paz”, esta
frase antológica nos leva a olhar primeiramente para a ecologia pessoal.
Na Unipaz estudamos
que para atingir a ecologia social e ecologia ambiental do ser solidário,
fraternal e tolerante é necessário Despertar,
com práticas integrativas, com o cuidado e por uma reeducação, isto é,
necessitamos passar pela ecologia pessoal.
A Formação Holística de Base nos traz
essa reeducação, essa metodologia chamada “A arte de viver a Vida” e que começa
pela Arte de viver em Paz (agora em Ead)
O filosofo Martin Buber nos ensina que o primeiro Ser em uma
relação é o EU e depois o Outro, então para construirmos um mundo mais justo e
fraterno, é necessário cuidar do Eu, com meditações, orações, reflexões,
síntese do dia, num exercício diário, percebendo que tudo vem para o nosso
aprendizado e que este Outro sempre é nosso Espelho, disponibilizado pela nossa
Divindade.
Já na vida do “Santo”, na vida dentro da casa de santo, na
nossa Divindade eu aprendi que da energia criadora de Olódùmarè (Deus Supremo)
surgiram o Ọ̀run (o céu infinito) e os Òrìṣà-Orixás (forças que proporcionam a
vida no Àiyé-terra). Portanto, Orixá é vida. E vida é movimento. E Orixá vive
em mim, então as forças que proporcionam vida está em mim e está no outro,
então somos iguais e se o outro esta em falta é porque tenho em excesso, é
necessário colocar na balança para vivermos com a mesma dignidade, isto é
Justiça Divina.
Quando ouço a ONU nos chamar, diariamente, para participar
das ações eu entendo que não necessitamos ir lá na sede da ONU e sim é pensar
globalmente e agir localmente e nós ensinamos, nos terreiros que cada um pode
fazer isso. Ensinamos com outra linguagem, a linguagem dos orixás, dos
ancestrais, da nossa Raiz Tradicional.
Quando falamos sobre a Vida em primeiro lugar, tolerância,
fraternidade, falamos em união das forças, que é nosso chamado pelo o Bom
Combate (Crema)
A Unesco nos clama para o comprometimento com a dignidade
humana (não a miséria de alimento – caráter – ética) e com a vida e isto está
muito acima da religião, do interreligioso, do Transreligioso, isto é
Espiritualidade.
Manter a vida não é um só princípio ou dar cestas básicas
aqui ou ali, no natal, na pascoa, nos diz instituídos pelas crenças ou
tradições – logico que cesta básica é importante porque é sobrevivência para
muitos – mas, é se colocar como aprendiz – como filhas e filhos da Divindade, do
Sagrado; é necessário aprender a aprender a ser Seres Humanos – se desprender dessa
fantasia da separatividade do sistema reducionista e lembrar que todo o mal
está na mente e se não se nos dispuser a cuidar primeiro de si mesmo, não se consegue
cuidar do outro. Esse são princípios de várias escolas de “mistérios” iniciadas
por Hermes: “Cure a Si Mesmo, depois cure sua família e depois cure os outros”
Na tradição de matriz afro-brasileira, nosso ditado é “cuide
do Seu Ori”, da divindade que vive em mim (Jesus nos ensinou “Eu Sou”); vamos
cuidar do Eu
Vamos Rezar; Bater Cabeça; Meditar; Cuidar de si (do seu Ori);
cuidar do seu irmão, cuidar de sua família; Ver, Sentir, Ouvir o outro.
“Quem não cuida de seu Ori, Orixá não zela pelos caminhos”
São essas práticas diárias que vão fazer a diferença e nos
melhorar e além disso, vamos poder co-criar com o Deus o mundo que sonhamos.
Afinal sonhar junto torna-se realidade
Se nós abraçar o Planeta como Ser Humanos – vamos sentir que
já somos abraçados pelos Orixás, pelos Grandes Mestres como o Amado Jesus,
Buda, Maomé, Moises, e tantos outros que fazem parte dessa Luz que nos conduz e
que chamamos de Espirito Santo.
Que Deus-Pai, Deus-Mãe, Oxalá, Alá, Zambi nos abençoe!
Gratidão!
Axé, Amem, Shalon, Mukuiu, Kalofé!
Eu Sou Kátia
Assim falei, how!
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