segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Tolerância e Fraternidade: A vida em primeiro lugar

 

Artigo palestrado por Kátia Regina Luz no VIII Encontro Inter-religioso da FACASC com o tema: Tolerância e Fraternidade: A vida em primeiro lugar

Sarava, saravá!!!

Peço a benção a todes, minhas irmãs e meus irmãos de fé e de caminhada evolutiva

 

É uma honra Celebrar o Dia Internacional da Tolerância instituído pela ONU, esta oportunidade nos impulsiona a sair do estado de vítima para a de protagonista na co-criação de um mundo melhor.

É dever de todos nós, que desejamos viver em paz e fraternalmente, contribuir de forma ativa nessa Ecologia Social e na Ecologia Ambiental que é viver em estado de tolerância, isto é, como humanos com dignidade, justiça e equidade.

 

O Planeta é um Ser Vivo e devemos cuida-lo e isso inclui cuidar primeiro da Vida, da nossa vida, da vida do outro, da vida da flora e da fauna, da Natureza. Nosso planeta é lindo, Deus nos proporcionou toda essa Beleza e quando não vemos beleza é porque estamos fragmentados, separados do todo.


Nosso planeta é azul e nós também somos, mas não vemos assim a não ser quando ampliamos nossa visão

Todo azul – nós também somos todo azul – é a 1º camada de luz no nosso corpo humano que somos formados pelo corpo físico – etérico – emocional – mental inferior e superior – espiritual – Espirito (divina Presença)

 

Uma pequena história da vida que vivemos para nos conectar com o Somos Um

Isto ocorreu em novembro de 1984.

Eu tive a visão do Planeta quando, involuntariamente, fui projetada do corpo físico ao cosmos. No momento, me vendo flutuar em pleno Universo pensei que tinha morrido e sem saber o que fazer naquele instante, perguntei à Deus o que estava acontecendo, se aquilo ali era morrer, questionei o momento, porque exatamente naquele momento? eu estava na arquibancada de um estádio assistindo um jogo de futebol; porque não escolher outra hora?

Comecei a sentir medo, e com todas essas dúvidas pedi auxilio a Deus. Pedi uma “mão” e olhei mais para cima de mim e vi, vi uma grande mão e eu me esforcei muito a chegar até ela, e me agarrei com tudo. Olhei para saber de quem era aquela mão forte, linda, brilhante, morena. Um homem negro veio e meu deu a Mão. Ele tinha barbas brancas, usava uma roupa branca e uma pequena cruz de madeira no pescoço, olhos escuros de um amor profundo, rosto redondo e um largo sorriso que me acolheu. Naquele momento eu soube que somos, verdadeiramente, protegidos por uma larga camada de Seres de Luz.

Segurando firme naquela gigante mão que me sustentou, olhei para baixo, dando meu “último olhar” e me despedindo da terra e vi o Planeta, lindo, flutuando na galáxia sem nada próximo, um ar puro em volta de si, todo coberto de um azul brilhante translucido, incrivelmente, Belo. Neste momento, do nada, comecei a descer muito devagar, mas sentido entrar na crosta terrena, mirei a América do Sul, busquei Santa Catarina, mirei Florianópolis, mirei o Estreito, o estádio e ... ufa!! mirei eu e .... voltei! meu coração batia com muita velocidade, meu amigo ao meu lado apavorado e perguntava se eu estava bem ..... enfim nos próximos dias sucessivos, busquei entender o que aconteceu, todavia voltei aquela pequena mente fragmentada, ao padrão normal de ser porem um minúscula partícula modificou-se e essa partícula fez toda a diferença para eu estar onde estou com a mente mais aberta e disposta a melhorar cada vez mais.

Este foi um momento Numinoso e todos nós já tivemos momentos assim que nos trouxeram para a Casa, para o Pertencimento do Todo. Foi assim que comecei a ser tocada que nada era o Outro e tudo era Eu.

 

Ninguém nos ensina a fazer parte, como não somos ensinados a sermos filhos, nem pais, nem irmãos e a maioria nós sente-se incapazes, invisíveis para participar de uma ação ou mesmo de estar junto na construção de um mundo de paz e fraternidade – porém Ganhi já dizia: a Paz é o caminho -

As pessoas vivem na fantasia da impotência, do reducionismo, da separatividade. Essa fantasia acontece na mente do ser humano, em nenhum outro lugar e é nos dita no preambulo do ato constitutivo da Unesco “que as guerras nascem no espirito dos homens, e é nele, primeiramente que devem ser erguidas as defesas de paz”, esta frase antológica nos leva a olhar primeiramente para a ecologia pessoal.

 Na Unipaz estudamos que para atingir a ecologia social e ecologia ambiental do ser solidário, fraternal e tolerante é necessário Despertar, com práticas integrativas, com o cuidado e por uma reeducação, isto é, necessitamos passar pela ecologia pessoal.  A Formação Holística de Base nos traz essa reeducação, essa metodologia chamada “A arte de viver a Vida” e que começa pela Arte de viver em Paz (agora em Ead)

 

O filosofo Martin Buber nos ensina que o primeiro Ser em uma relação é o EU e depois o Outro, então para construirmos um mundo mais justo e fraterno, é necessário cuidar do Eu, com meditações, orações, reflexões, síntese do dia, num exercício diário, percebendo que tudo vem para o nosso aprendizado e que este Outro sempre é nosso Espelho, disponibilizado pela nossa Divindade.

 

Já na vida do “Santo”, na vida dentro da casa de santo, na nossa Divindade eu aprendi que da energia criadora de Olódùmarè (Deus Supremo) surgiram o Ọ̀run (o céu infinito) e os Òrìṣà-Orixás (forças que proporcionam a vida no Àiyé-terra). Portanto, Orixá é vida. E vida é movimento. E Orixá vive em mim, então as forças que proporcionam vida está em mim e está no outro, então somos iguais e se o outro esta em falta é porque tenho em excesso, é necessário colocar na balança para vivermos com a mesma dignidade, isto é Justiça Divina.

 

Quando ouço a ONU nos chamar, diariamente, para participar das ações eu entendo que não necessitamos ir lá na sede da ONU e sim é pensar globalmente e agir localmente e nós ensinamos, nos terreiros que cada um pode fazer isso. Ensinamos com outra linguagem, a linguagem dos orixás, dos ancestrais, da nossa Raiz Tradicional.

 

 

Quando falamos sobre a Vida em primeiro lugar, tolerância, fraternidade, falamos em união das forças, que é nosso chamado pelo o Bom Combate (Crema)

A Unesco nos clama para o comprometimento com a dignidade humana (não a miséria de alimento – caráter – ética) e com a vida e isto está muito acima da religião, do interreligioso, do Transreligioso, isto é Espiritualidade.

Manter a vida não é um só princípio ou dar cestas básicas aqui ou ali, no natal, na pascoa, nos diz instituídos pelas crenças ou tradições – logico que cesta básica é importante porque é sobrevivência para muitos – mas, é se colocar como aprendiz – como filhas e filhos da Divindade, do Sagrado; é necessário aprender a aprender a ser Seres Humanos – se desprender dessa fantasia da separatividade do sistema reducionista e lembrar que todo o mal está na mente e se não se nos dispuser a cuidar primeiro de si mesmo, não se consegue cuidar do outro. Esse são princípios de várias escolas de “mistérios” iniciadas por Hermes: “Cure a Si Mesmo, depois cure sua família e depois cure os outros”

 

Na tradição de matriz afro-brasileira, nosso ditado é “cuide do Seu Ori”, da divindade que vive em mim (Jesus nos ensinou “Eu Sou”); vamos cuidar do Eu

Vamos Rezar; Bater Cabeça; Meditar; Cuidar de si (do seu Ori); cuidar do seu irmão, cuidar de sua família; Ver, Sentir, Ouvir o outro.

“Quem não cuida de seu Ori, Orixá não zela pelos caminhos”

São essas práticas diárias que vão fazer a diferença e nos melhorar e além disso, vamos poder co-criar com o Deus o mundo que sonhamos.

Afinal sonhar junto torna-se realidade

Se nós abraçar o Planeta como Ser Humanos – vamos sentir que já somos abraçados pelos Orixás, pelos Grandes Mestres como o Amado Jesus, Buda, Maomé, Moises, e tantos outros que fazem parte dessa Luz que nos conduz e que chamamos de Espirito Santo.

 

Que Deus-Pai, Deus-Mãe, Oxalá, Alá, Zambi nos abençoe!

Gratidão!

Axé, Amem, Shalon, Mukuiu, Kalofé!

Eu Sou Kátia

Assim falei, how!

 

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