terça-feira, 3 de maio de 2011

O Sistema Organizacional hierárquico da Umbanda do ritual de Almas e Angola

O ritual de Almas e Angola é um caminho, uma linha ritualística que surgiu na religião de Umbanda, especialmente na região da Grande Florianópolis, há mais de meio século. Como instituição religiosa, os adeptos, a maioria dos sacerdotes, o Estado e a comunidade em geral, não agrega valores na religião como sendo uma instituição organizada, possuindo registro civil, legislação que garantem seus direitos e que exigem seus deveres. Entretanto, as instituições existentes da religião de Umbanda, principalmente na ritualística de Almas e Angola, possuem sistema organizacional hierárquico complexo, além dos sistemas administrativo, fiscal e jurídico.  Afinal, um sistema organizacional é fator decisivo para sucesso das instituições, e esse é o diferencial que observamos neste seguimento.
A Umbanda de Almas e Angola constitui-se numa manifestação espiritualista com finalidade religiosa, doutrinária e ritualística, fundamentada na filosofia Umbandista, nas incorporações de espíritos de índios (caboclos), velhos escravos (pretos-velhos), crianças, guardiões (exus) e outros espíritos que utilizam o anonimato dentro das falanges existentes na religião bem como em outros rituais africanos, indianos e indígenas, como as iniciações, imersões, feitura dos médiuns dentro dos sete graus de ascensão e processos hierárquicos.
A religião de Umbanda é uma tradição antiguíssima. Existe, historicamente, há cem anos, entretanto a Umbanda é milenar, haja vista ser a agregação das tradições dos antepassados como os cultos e a mitologia dos orixás, os cultos indígenas, a filosofia xamãs e oriental e seus ritos, filosofia do cristianismo – sincretismo e teosofias.
A palavra Umbanda é derivada da palavra AUM-BHAN-DAN, que significa Conjunto das Leis Divinas
Energeticamente, a Aumbhandan existe a mais de quarenta mil anos e foi trazida ao continente brasileiro pela raça vermelha. A Umbanda existe para agregar, incluir, formar a Unidade. Os antigos sempre afirmaram nos terreiros que Umbanda é Uma única Banda.  Existe muito para aprender e por isso vemos muita fragmentação no contexto material da existência da Umbanda.
A Umbanda é uma religião cósmica, holística, porque seus fundamentos são baseados nos quatro pilares do conhecimento humano: a filosofia, a ciência, a arte e a espiritualidade – tradição sapienciais[1].
É holística[2], porque aceita as diferentes maneiras de praticar os fundamentos de cada templo, obedecendo às necessidades dos que a procuram. Admite diferenças em seus rituais porque, à medida que as pessoas vão se conscientizando, lhes permite um constante processo de aprofundamento ritualístico e permitindo o aprendizado permanente transmutando valores espirituais de vibração superior. Acompanhando tal processo, os rituais estão se tornando gradativamente mais singelos e sutis.
Vivenciando a Nova Era observamos, novamente, uma mudança energética na Umbanda e também na ritualística de Almas e Angola, esta mudança faz-se necessária para superar a crise de fragmentação (Weil[3]) e é durante esta crise que estamos vivendo, de dor, inconsciência e ignorância, que podemos transcender, apoiado pela energia da Luz que sustenta a Umbanda (cósmica e holística) para o despertar da nova consciência nos preparando para viver a inteireza do Ser[4].

Breve Histórico da inserção da Umbanda do ritual de Almas e Angola em Santa Catarina
Na década de 50, sabe-se que um sacerdote de Umbanda, conhecido como Pai Luiz D'Ângelo de Xangô, residente no Rio de Janeiro, juntamente com um sacerdote de culto africano – candomblé -, cujo nome não nos foi repassado, deu início às “feituras de santo” dentro do ritual de Umbanda, com o intuito de formar verdadeiros ialorixás e babalorixás de Umbanda, com preceitos ritualísticos semelhantes aos dos cultos de nações africanas, sendo denominado de Almas e Angola.
Atualmente, o estado de Santa Catarina é o que mais possui templos de Almas e Angola, tornando-se a maior “raiz” dos rituais afro-descendentes. A Almas e Angola expandiu-se de tal maneira que são inúmeros os templos que o praticam; cada dia que passa, aumenta o número de adeptos, consagrando o ritual como raiz forte no amor e na caridade.

O SISTEMA ORGANIZACIONAL
O Sistema Organizacional da Umbanda do ritual de Almas e Angola abrange quatro combinações de métodos que se completam formando o sistema, a saber:
I – HIERARQUIA ORGANIZACIONAL GENEALÓGICA
II – TRÍPLICE HIERARQUIA DO TEMPLO
III – HIERARQUIA DOS SETE GRAUS DE IMERSÃO
IV – QUARTA HIERARQUIA: SACERDOTAL
Acompanhe as discursivas sobre cada método nas próximas publicações.


[1] POZATTI, Mauro Luiz. Buscando a inteireza do Ser: Proposições para o desenvolvimento sustentável da consciência humana. Porto Alegre: Gênese Editora, 2007. “Tradições Sapienciais sendo corroboradas em seus fundamentos e ensinamentos pelos estudos da ciência, da filosofia e da arte, e todo este conhecimento, integrando-se, construindo outras formas de significação do Universo.”
[2] Weil, Pierre. Holística: Uma Nova Visão e Abordagem do Real - Ed. Palas Athenas, São Paulo, 1990.
[3] Weil, Pierre. A mudança de sentido e o sentido da mudança. Rio de Janeiro. Record: Rosa dos tempos, 2004. Pag. 270 - A crise de fragmentação está nos levando a uma época sombria de obscurantismo e de ignorância.
[4] Crema, Roberto. •Saúde e Plenitude: Um Caminho para o Ser. São Paulo: Summus, 1995