domingo, 17 de agosto de 2014

Velas aos Orixás ... É fogo

Saravá irmãs e irmãos de fé e de caminhada evolutiva,

Para qualquer trabalho de magia, a utilização dos quatros elementos é obrigatória com o intuito de criar um ambiente em equilibro energético, para invocar as energias necessárias à alquimia a fim de atender a intenção daquele momento.
O elemento água – Um copo ou uma taça com água, uma fonte, um aquário;
O elemento terra – flores, uma pedra, um cristal, uma cerâmica;
O elemento ar – incenso queimando, um sino, uma pena;
O elemento fogo – chama de uma vela ou lamparina.
Todos esses elementos têm um potencial infinito em seu poder individual ou em combinação com outro, tudo dependendo da intenção que é depositada na hora da magia.
Tudo isso é muito fácil identificar, por um leigo ou um adepto, quando observa um altar.

O templo de Umbanda, seja qual a ritualística praticada, também utiliza todos os elementos.
Tudo é muito lindo e fascinante para aquele adepto que quer aprender e praticar de forma plena.


Quando ascendemos velas aos nossos orixás estamos canalizando as energias necessárias para que aconteça uma linda alquimia gerando proteção, poder, esperança e mantendo nossa fé segura.
Temos varias ritualística e em momentos sublimes na vida de santo que ascendemos velas. Amo muito estes momentos que nos dedicamos a canalizar e a conectar com o mais divino do nosso ser.

Contarei duas histórias verídicas sobre estas maravilhas divinas e da magia que existe nos templos.

Num dia, fui alertada pelos seres mágicos, que tinha energias em desequilíbrio no elemento ar.  Alguém entende bem disso? ...  Chamei o grupo presente naquele momento e contei acrescentando que o elemento ar é fumaça e que todos deviam prestar atenção, pois os antigos anciãos já diziam: onde há fumaça há fogo.
Terminamos todos os trabalhos proposto para aquele dia, verificamos se não havia mais velas acessas e fechamos o templo  indo cada um para seus afazeres pessoais inclusive eu que moro na sede da instituição saí e fui ao supermercado. Quando voltei senti um cheiro danado de fumaça e lembrei-me do “recadinho”.  Corri para dentro do terreiro e uma fumaça começava a tomar conta do ambiente, peguei o EXTINTOR e corri no quarto de santo e ali começará um principio de incêndio que consegui apagar devido ao curso de prevenção e ao extintor que sempre mantenho o cuidado de verificar se esta totalmente carregado.
 Graças a Deus, as divindades e aos guias nada de importante e sagrado foi afetado. Sério, Iemanjá derramou suas águas ali, naquele espaço.
No outro dia quando todos vieram para outras atividades programadas verifiquei quem tinha sido o responsável por ter acesso uma vela no quarto de santo e, por incrível que pareça tinha sido uma criança que observando como fazíamos as oferendas e orações por meio das velas acessas, entrou no quarto de santo e avistou uma linda vela decorativa e não pestanejou, ascendeu para o orixá dela.  Nós, no dia anterior, não tínhamos verificado aquele ambiente antes de fechar o terreiro por que não haveria motivos de alguém ascender uma vela ali naquele especifico dia e de uma forma ou outra desviamos a atenção do “aviso” que tínhamos recebido.
...
Em nossa casa tem uma senhorinha que vive entrando no altar, que sempre esta cheio de velas acessa para anjos de guarda ou para pagar promessas ou qualquer outro motivo; esta senhorinha, uma ialorixá, sempre encontra motivos para entrar o altar e ela e todas nós, usamos saia comprida ou saia com anáguas. É um perigo iminente este ato.  De tempo em tempo ela esta com uma saia queimada e nós correndo para apagar ou segurar as saias a fim de nenhuma mal ocorrer. Vivemos olhando e cuidando dela, afinal ela tem quase 80 anos e tem o jeito dela e nós devemos cuidar dela e dessas peripécias.
Qualquer uma de nós, mulheres, pode acontecer de incendiar nossas anáguas e nos queimar.
Antigamente as anáguas eram de tecido de algodão, menos inflamável que hoje, que são puramente de filo – nylon inflamável, com calças legues grudentas no nosso corpo, longe daqueles calções de tecidos largos que era bem fáceis de sair ou ser rasgados se necessário fosse.
Imagina você passando por uma vela no ponto de segurança e um vento bate levantando a chama e uma faísca voa em sua saia linda, 100% sintética e inflamável  ... Imagina se no templo não existir  nenhum extintor para apagar o fogo ou se tiver, encontrar-se sem o produto para abafar o fogo. Você ficará toda queimada e provavelmente no hospital.

É uma coisa horrível uma pessoa queimada. Você já viu uma? Eu já vi. A dor é insana e permanente e o cheiro de carne queimada é insuportável.

Porque toda essa história? E o que se tem haver com tudo isso?
Simples, tenho verificado que a maioria dos templos não está se preparando para situações como esta INCÊNDIO. Sim, incêndio.

Você acha que eu estou exagerando? Faça uma leve pesquisa. Quantos templos têm extintores?  Quantas pessoas entraram na emergência dos hospitais com queimaduras graves com situações que ocorreram dentro dos templos e quantas já se queimaram e para não constranger a casa ou por “amor” ao pai ou mãe de santo não dizem a verdade e tentam se curar sozinhas ficando com varias sequelas?

Irmãs e irmãos de fé, realmente precisamos ter consciência das necessidades básicas de um templo que é para o nosso beneficio e conforto e de todas as pessoas que frequentam o terreiro.
Quando uma casa de santo vai ser legalizada, a primeira providencia é ter o alvará do Corpo de Bombeiros e todo mundo (diretoria e sacerdotes) consideram uma chatice as exigências da Incorporação contra Incêndios, mas veja, o incêndio é muito pior e quando uma pessoa sai total ou parcialmente queimada muito pior ainda.
Você que se importa com o local sagrado que você utiliza para canalizar suas preces e vida sagrada, comece este movimento interno. Converse com seus irmãos de santo e se organizem, vá e compre um extintor. Na real é dois: um de espuma outro de água. Eles funcionam na hora que mais precisamos e o Corpo de Bombeiro ensina a utilizar.

Vamos evoluir.
Vamos nos cuidar e zelar pelo que é nosso.
Se prevenir também é um processo de evolução.

Axé de paz e luz!