Engraçado...
Engraçado ouvir uma pessoa dizer que um jovem tem a
sabedoria de um ancião, como há alguns dias ouvi.
O ancião é aquele ser humano que tem muita experiência e
em varias áreas da sua vida.
Ancião é uma pessoa velha e respeitável, pessoa de idade
avançada, antigo e vetusto. Ancião ou Presbítero, deriva do gr. pre.sbýte.ros
pelo lat. presbytèru, significa "homem mais velho" ou
"ancião". Não se aplica apenas a uma pessoa já idosa, mas a uma
pessoa com mais idade, alguém que é mais experiente e que tem madureza. A
palavra hebraica para presbítero é za•qen, é vertida por Ancião. Identificava
os líderes do Antigo Israel, quer em nível de uma cidade, da tribo ou a nível
nacional. No antigo testamento a palavra ancião era usada aos mais antigos e
responsáveis em orientar as tribos, vilas e até mesmo fazer rituais, e a média
de idade era acima de 100 anos.
A necessidade da experiência é fundamental para que a
pessoa seja madura e seja reconhecida como um ancião.
Vivemos em uma época, onde a inversão de valores, a
pressa, a corrida pelo status, entre outras coisas de similar natureza, estão
em evidência. Perdem-se em algarismos matemáticos, os exemplos que vemos de
pessoas ocupando posições sem a devida maturidade psicológica, pessoal, de área
de atuação, emocional, entre outras.
A mocidade religiosa, atualmente, ingressando nos templos
de Umbanda para desenvolver sua mediunidade já quer ser “pai e mãe de santo”.
Tem pressa. Essa pressa burla todos os processos, experiências e etapas
inerentes ao “cargo”.
Meninas e meninos que acabaram de adentrar na
adolescência estão sendo mães e pais, poderia ser o exemplo mais agudo a ser
citado. A massificação da idéia cultural religiosa, em conjunto com o
crescimento dos "escolhidos" sacerdotais, vem atentando contra a
natureza da própria religião.
Ontem, conversando com um Babalaô, comentávamos que
antigamente e em todas as escrituras das diversas tradições cristãs e não
cristãs, poucos eram os escolhidos para ser um sacerdote ou uma sacerdotisa, e
hoje em dia, a maioria é “escolhida”. O processo sociológico, daqui a alguns
anos, será intenso porque a maioria desses “escolhidos” são originários da
indisciplina.
Indisciplina? Sim, indisciplina.
A pessoa entra num templo e sua arrogância não permite
que ela seja participativa, disponível, amorosa nos processos, aprendiz,
humilde para reconhecer e para bater cabeça aos orixás, aos sacerdotes e aos
antigos. Muitos médiuns após o seu batizado, que recebe sua primeira
“segurança” chamada de “guia” para ancorar seus “Anjos de Guarda”, já desejam
receber um Brajá que é a guia ofertada
aos REFORÇADOS de 21 ANOS que possuem no mínimo 30 anos de vida no santo. E não
fica por aí, seus orixás não desenvolvem. Seus GUIAS-ENTIDADES não são mais
seus responsáveis pela sua vida espiritual como mentores e orientadores, é o
pai ou mãe de santo que joga cartas ciganas ou qualquer outro oráculo para
dizer quem é o dono do Ori daquela pessoa. Essas pessoas em pouco tempo vamos
ver nos bazares que vedem materiais prontos e compram brajás para seus
guardiões usarem para “igualarem” aos mais antigos e em menos de 10 anos
teremos mais um templo aberto na cidade por pessoas “escolhidas”.
Essas pessoas, normalmente, sentem-se humilhados em viver
como um “abiã” ou “iaô”, em cumprir preceitos longos que os preservam da vida
mundana e viciosa. Precisam se sentir superiores. Esta necessidade emocional de
se sentir superior é um desvio psicológico, que qualquer terapeuta emocional –
psicólogo – pode transformar em libertação e alegria, e está alimentando a
idéia errônea que esta pessoa “é uma escolhida” e com essa falsa idéia e sua
simpatia e astucia vão envolvendo pessoas e mais pessoas tornando-se em
pseudos-mestres.
Em todas as épocas, assim como em todos os povos, sempre
existiram os iniciados e os iniciantes. Na Grécia antiga, tinham os filósofos e
seus discípulos. No oriente os mais idosos eram os sábios os mestres, enquanto
nos mais jovens, tínhamos as pessoas que estavam preparando-se para a aquisição
dos segredos e "segredos" de seus ancestrais, ou seja os alunos dos
mestres, os futuros mestres. Em qualquer parte do mundo, onde existissem grupos
de pessoas reunidas, esse sistema era algo natural entre as pessoas. Era algo
cultural, inalterável naquele momento.
Com o passar dos tempos, muitos valores sócio humanos
foram sendo adulterados, modificados, em nome da modernidade. O que antes
acontecia informal e naturalmente passou ser formalizado e mecânico. Perdeu-se
magia que somente o tempo e a vivência ativa podem conceder, em com isso temos
hoje uma série de aberrações, que cada uma a seu turno atenta contra toda uma
história de fatos, acontecimentos e personagens.
O desenvolvimento mediúnico, nos templos, está sem estudo
e o anímico alimenta o ego inferior que tem o péssimo habito de boicotar a sua
evolução espiritual. A pratica ritualística esta para a mesmice e padrões
repetitivos deixando de exercer a missão do ser humano.
Como dizia Pai Fagundes de Ogum, se Homem não sabe que
veio para Servir, vai servi pra quê?
Servi a coletividade, Servi a Deus, Servi o próximo,
Servi ao Bem.
Evidentemente, há muitos jovens que possui registrado na
sua casa astral (ver Mapa Astral) que sua vida será a de um Sacerdote ou
Sacerdotisa, só que estes escolhidos negam sua missão por muito tempo,
consideram uma missão penosa, desgastante, exige disponibilidade, doação,
disciplina, meditação, aprendizado diário, estudo e observância sobre as
mazelas humanas e total conexão no mundo espiritual. Os escolhidos precisam “se
recolher” da vida mundana e se preservar energeticamente. Estes jovens só
assumem a verdadeira missão sacerdotal depois de muito tempo porque para que
eles possam madurar eles precisam experimentar...
Não dá para ser avô, sem antes ter sido pai.
Não dá de ser pai sem ser filho.
Não se pode iniciar se não é um iniciado.
Isso é natural.
Essa é a vida.
Axé de Paz e Luz!