terça-feira, 19 de julho de 2011

LIDERANÇAS SACERDOTAIS DE ALMAS E ANGOLA

Continuação do artigo Sistema Organizacional do Almas e Angola...


LIDERANÇAS SACERDOTAIS

Na última década, o sistema ritualístico de Almas e Angola vivenciou algumas mudanças na sua estrutura organizacional hierárquica.
Entre as principais mudanças temos a questão da morte do primeiro escalão ativo que formavam a ponta da pirâmide hierárquica genealógica e normatizavam os processos celebrativos; do aumento de adeptos ingressando no quarto grau hierárquico da ritualística bem como o crescente numero de templos, aumentando consideravelmente o numero de sacerdotes (isa).
 Diante do novo cenário e com o intuito de fortalecer as lideranças sacerdotais, baseado na teoria do milionésimo círculo, mais de cem lideres religiosos de Umbanda do ritual de Almas e Angola criaram uma nova organização sacerdotal com o objetivo de unir as sacerdotisas e sacerdotes, fortalecendo dos milhares de templos e consequentemente fortalecendo a instituição Almas e Angola, com a concepção da liderança circular, criando o sistema circular hierárquico de sacerdotes de Umbanda do ritual de Almas e Angola.
O grande objetivo dessa nova proposta é fazer de cada encontro uma oportunidade de transformação, de troca de experiência, de troca de sabedoria ancestral de cada ancião – sacerdote e sacerdotisa, de consolidação da uma visão holística dentro da transdisciplinaridade, sem a fragmentação até agora vivenciada por todos os adeptos.
É importante neste tempo quebrar o paradigma da hierarquia sacerdotal diante da hierarquia criada pelos Reforços de Camarinha. Como nos diz Weil (2004):          
Quando falamos, neste trabalho, em religião, vamos nos referir exclusivamente ao seu aspecto místico e no sentido original do termo: re-ligare. Com efeito, toda religião é, em grande parte, fundamentada em experiências místicas de seus fundadores, em revelações obtidas num nível de consciência fora da nossa dimensão espaço-tempo, em que a pluralidade e a dualidade desaparecem em que houve um religamento e uma volta à unidade fundamental.


Dentro da nova metodologia, a hierarquia sacerdotal, não há de manter a hierarquia dos setes graus, passando todos os sacerdotes ter o mesmo nível hierárquico (ver fig. 06) neste caso cada sacerdote, com sua experiência e sabedoria vai fomentando o sistema círcular e nesta troca vai ocorrendo a grande transformação em benefício de toda a instituição religiosa, neste caso específico, do ritual de Almas e angola, impulsionando e preparando para a Nova Era.

Weil (2004) afirma, em decorrência de experiências adquiridas nos encontros inter-religiosos na UNIPAZ, que algo está acontecendo no domínio das religiões desde o fim do século e início do atual milênio. Haverá um despertar da plena consciência na experiência mística, sobretudo nas religiões fiéis à sua vocação. A causa principal do despertar esta na descoberta progressiva por parte dos líderes das religiões das evidências levantadas pela Parapsicologia e Psicologia Transpessoal, as quais, na opinião do Weil, colocarão um ponto final no ceticismo levantado pelo racionalismo filosófico e científico sobre a fenomenologia. A reaproximação progressiva entre ciência e tradições espirituais influirá no resgate da fonte inspiradora da própria tradição e nas teologias ocidentais.
Segundo Weil (2004), a religião, cuja função essencial é a indicação do sentido, junto com a filosofia que se destacou dela, está dando sinais de que o sentido dessa mudança será holístico, tal como foi definido anteriormente.           
A nova metodologia, que surgiu pela criação de uma organização não governamental, denominada Associação dos Terreiros de Umbanda do ritual de Almas e Angola do Brasil – ATUAA,  vem operando neste sentido, ou seja, de dar sustentação para que a ritualística de Almas e Angola possa ultrapassar a fase atual de mudanças, estimulando seus adeptos, de forma consciente, a promoverem estudos e pesquisas, estimulando seus líderes a participarem dessa nova consciência para o despertar da essência, pois o novo sentido da liderança se encontra na liderança holocentrada[1], o que implica uma profunda mudança em cada um de nós. SOMOS UM. SOMOS UMBANDISTAS.
A associação surgiu para dar sustentabilidade aos sacerdotes e toda a comunidade de Umbanda de Almas e Angola e contribuir para a disseminação da cultura de paz, para o resgate e a recriação de um processo hierárquico de rede, com a visão holística, de conexão, sintonia e cumplicidade evolutiva na estrutura organizacional da religião – caminho sagrado -, para o processo reflexivo e de transformação dos líderes consagrados; para o aproveitamento da diversidade de conhecimentos e saberes dos líderes – sacerdotisas e sacerdotes; para a criação do “milionésimo círculo” na UNIDADE. Visa, também, sustentar a transcendência da visão mecanicista, reducionista e consumista dos atuais líderes sacerdotais, aparentemente centrados apenas na técnica e nas superstições, para se tornarem sacerdotes/líderes de excelência, preparados para um novo tempo, a irradiar sua sabedoria com amor e compaixão.

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[1] Crema, Roberto. Liderança em Tempo de Transformação, com Washington Araújo. Brasília: Letrativa, 2001