segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Tolerância e Fraternidade: A vida em primeiro lugar

 

Artigo palestrado por Kátia Regina Luz no VIII Encontro Inter-religioso da FACASC com o tema: Tolerância e Fraternidade: A vida em primeiro lugar

Sarava, saravá!!!

Peço a benção a todes, minhas irmãs e meus irmãos de fé e de caminhada evolutiva

 

É uma honra Celebrar o Dia Internacional da Tolerância instituído pela ONU, esta oportunidade nos impulsiona a sair do estado de vítima para a de protagonista na co-criação de um mundo melhor.

É dever de todos nós, que desejamos viver em paz e fraternalmente, contribuir de forma ativa nessa Ecologia Social e na Ecologia Ambiental que é viver em estado de tolerância, isto é, como humanos com dignidade, justiça e equidade.

 

O Planeta é um Ser Vivo e devemos cuida-lo e isso inclui cuidar primeiro da Vida, da nossa vida, da vida do outro, da vida da flora e da fauna, da Natureza. Nosso planeta é lindo, Deus nos proporcionou toda essa Beleza e quando não vemos beleza é porque estamos fragmentados, separados do todo.


Nosso planeta é azul e nós também somos, mas não vemos assim a não ser quando ampliamos nossa visão

Todo azul – nós também somos todo azul – é a 1º camada de luz no nosso corpo humano que somos formados pelo corpo físico – etérico – emocional – mental inferior e superior – espiritual – Espirito (divina Presença)

 

Uma pequena história da vida que vivemos para nos conectar com o Somos Um

Isto ocorreu em novembro de 1984.

Eu tive a visão do Planeta quando, involuntariamente, fui projetada do corpo físico ao cosmos. No momento, me vendo flutuar em pleno Universo pensei que tinha morrido e sem saber o que fazer naquele instante, perguntei à Deus o que estava acontecendo, se aquilo ali era morrer, questionei o momento, porque exatamente naquele momento? eu estava na arquibancada de um estádio assistindo um jogo de futebol; porque não escolher outra hora?

Comecei a sentir medo, e com todas essas dúvidas pedi auxilio a Deus. Pedi uma “mão” e olhei mais para cima de mim e vi, vi uma grande mão e eu me esforcei muito a chegar até ela, e me agarrei com tudo. Olhei para saber de quem era aquela mão forte, linda, brilhante, morena. Um homem negro veio e meu deu a Mão. Ele tinha barbas brancas, usava uma roupa branca e uma pequena cruz de madeira no pescoço, olhos escuros de um amor profundo, rosto redondo e um largo sorriso que me acolheu. Naquele momento eu soube que somos, verdadeiramente, protegidos por uma larga camada de Seres de Luz.

Segurando firme naquela gigante mão que me sustentou, olhei para baixo, dando meu “último olhar” e me despedindo da terra e vi o Planeta, lindo, flutuando na galáxia sem nada próximo, um ar puro em volta de si, todo coberto de um azul brilhante translucido, incrivelmente, Belo. Neste momento, do nada, comecei a descer muito devagar, mas sentido entrar na crosta terrena, mirei a América do Sul, busquei Santa Catarina, mirei Florianópolis, mirei o Estreito, o estádio e ... ufa!! mirei eu e .... voltei! meu coração batia com muita velocidade, meu amigo ao meu lado apavorado e perguntava se eu estava bem ..... enfim nos próximos dias sucessivos, busquei entender o que aconteceu, todavia voltei aquela pequena mente fragmentada, ao padrão normal de ser porem um minúscula partícula modificou-se e essa partícula fez toda a diferença para eu estar onde estou com a mente mais aberta e disposta a melhorar cada vez mais.

Este foi um momento Numinoso e todos nós já tivemos momentos assim que nos trouxeram para a Casa, para o Pertencimento do Todo. Foi assim que comecei a ser tocada que nada era o Outro e tudo era Eu.

 

Ninguém nos ensina a fazer parte, como não somos ensinados a sermos filhos, nem pais, nem irmãos e a maioria nós sente-se incapazes, invisíveis para participar de uma ação ou mesmo de estar junto na construção de um mundo de paz e fraternidade – porém Ganhi já dizia: a Paz é o caminho -

As pessoas vivem na fantasia da impotência, do reducionismo, da separatividade. Essa fantasia acontece na mente do ser humano, em nenhum outro lugar e é nos dita no preambulo do ato constitutivo da Unesco “que as guerras nascem no espirito dos homens, e é nele, primeiramente que devem ser erguidas as defesas de paz”, esta frase antológica nos leva a olhar primeiramente para a ecologia pessoal.

 Na Unipaz estudamos que para atingir a ecologia social e ecologia ambiental do ser solidário, fraternal e tolerante é necessário Despertar, com práticas integrativas, com o cuidado e por uma reeducação, isto é, necessitamos passar pela ecologia pessoal.  A Formação Holística de Base nos traz essa reeducação, essa metodologia chamada “A arte de viver a Vida” e que começa pela Arte de viver em Paz (agora em Ead)

 

O filosofo Martin Buber nos ensina que o primeiro Ser em uma relação é o EU e depois o Outro, então para construirmos um mundo mais justo e fraterno, é necessário cuidar do Eu, com meditações, orações, reflexões, síntese do dia, num exercício diário, percebendo que tudo vem para o nosso aprendizado e que este Outro sempre é nosso Espelho, disponibilizado pela nossa Divindade.

 

Já na vida do “Santo”, na vida dentro da casa de santo, na nossa Divindade eu aprendi que da energia criadora de Olódùmarè (Deus Supremo) surgiram o Ọ̀run (o céu infinito) e os Òrìṣà-Orixás (forças que proporcionam a vida no Àiyé-terra). Portanto, Orixá é vida. E vida é movimento. E Orixá vive em mim, então as forças que proporcionam vida está em mim e está no outro, então somos iguais e se o outro esta em falta é porque tenho em excesso, é necessário colocar na balança para vivermos com a mesma dignidade, isto é Justiça Divina.

 

Quando ouço a ONU nos chamar, diariamente, para participar das ações eu entendo que não necessitamos ir lá na sede da ONU e sim é pensar globalmente e agir localmente e nós ensinamos, nos terreiros que cada um pode fazer isso. Ensinamos com outra linguagem, a linguagem dos orixás, dos ancestrais, da nossa Raiz Tradicional.

 

 

Quando falamos sobre a Vida em primeiro lugar, tolerância, fraternidade, falamos em união das forças, que é nosso chamado pelo o Bom Combate (Crema)

A Unesco nos clama para o comprometimento com a dignidade humana (não a miséria de alimento – caráter – ética) e com a vida e isto está muito acima da religião, do interreligioso, do Transreligioso, isto é Espiritualidade.

Manter a vida não é um só princípio ou dar cestas básicas aqui ou ali, no natal, na pascoa, nos diz instituídos pelas crenças ou tradições – logico que cesta básica é importante porque é sobrevivência para muitos – mas, é se colocar como aprendiz – como filhas e filhos da Divindade, do Sagrado; é necessário aprender a aprender a ser Seres Humanos – se desprender dessa fantasia da separatividade do sistema reducionista e lembrar que todo o mal está na mente e se não se nos dispuser a cuidar primeiro de si mesmo, não se consegue cuidar do outro. Esse são princípios de várias escolas de “mistérios” iniciadas por Hermes: “Cure a Si Mesmo, depois cure sua família e depois cure os outros”

 

Na tradição de matriz afro-brasileira, nosso ditado é “cuide do Seu Ori”, da divindade que vive em mim (Jesus nos ensinou “Eu Sou”); vamos cuidar do Eu

Vamos Rezar; Bater Cabeça; Meditar; Cuidar de si (do seu Ori); cuidar do seu irmão, cuidar de sua família; Ver, Sentir, Ouvir o outro.

“Quem não cuida de seu Ori, Orixá não zela pelos caminhos”

São essas práticas diárias que vão fazer a diferença e nos melhorar e além disso, vamos poder co-criar com o Deus o mundo que sonhamos.

Afinal sonhar junto torna-se realidade

Se nós abraçar o Planeta como Ser Humanos – vamos sentir que já somos abraçados pelos Orixás, pelos Grandes Mestres como o Amado Jesus, Buda, Maomé, Moises, e tantos outros que fazem parte dessa Luz que nos conduz e que chamamos de Espirito Santo.

 

Que Deus-Pai, Deus-Mãe, Oxalá, Alá, Zambi nos abençoe!

Gratidão!

Axé, Amem, Shalon, Mukuiu, Kalofé!

Eu Sou Kátia

Assim falei, how!

 

sábado, 9 de maio de 2020

Felicidade e Espiritualidade - uma experiência



Transcrevo aqui a live ofertada pela Unipaz Santa Catarina e transmitida em seu perfil do facebook no dia 22 de abril.

Falar sobre Espiritualidade e Felicidade é sempre um desafio. Trago este tema baseado em experiências pessoais espirituais que me conectam com esse estado de felicidade, no cotidiano, expandindo a consciência e a quebra de padrões limitantes.
Sendo aprendiz na Unipaz desde 2005, isto quer dizer que ingressei como aluna-aprendiz na unidade de Santa Catarina nessa data, e desde então me dedico a disseminar a cultura da paz, quebrando paradigmas, mas acima de qualquer fala aprendi que mais importante é respirar, relaxar e meditar todos os dias e existem várias técnicas, desde as mais simples até as mais complexas para quem já tem experiência, por isso sugiro que encontres uma técnica que te auxilia e viver de forma mais plena.
No início da pedagogia iniciática da Unipaz, ainda que eu já caminhasse pela jornada do meu desenvolvimento pessoal e prestava serviço voluntário, eu ainda era muito “fogo”, reativa e por meio das práticas cotidianas do relaxamento, respiração e meditações aprendi, combinado com o conhecimento baseado nos pilares da Unipaz, acalmar meu ser e expandir  a consciência de quem sou, de quem somos e todo o entorno – o ambiente. E isso tem me proporcionado a tornar  um Ser Humano melhor a cada dia.
Quando ingressei na Unipaz, carregava como padrão o preconceito, inclusive com a religião que cultuava. Na jornada durante Formação Holística de Base, compreendi melhor os ritos sagrado e o respeito com o modo que cada pessoa pratica o seu próprio rito, como cada templo cumpre suas ritualísticas, bem como os dogmas de outras religiões. Foi um aprendizado e tanto. Hoje sou mais devota.
Esclareço sobre o preconceito: me culpava porque nasci numa família “macumbeira”. Eu acreditava nos estigmas que me apontava como sendo “filha do demo”, mas vivenciando os seminários da Unipaz esta fragmentação do meu ser se desfez. Estudei as tradições antigas, conheci as tradições dos povos originários de cada continente e seus ritos, e principalmente, entendi de onde surgiu e manteve a fantasia da separatividade no meu ser.
Fantasia da separatividade é um lado comum entre todos nós, e nos penetra no amago do nosso ser, isto é, no nosso mundo interior. Isso nos é ensinado por Pierre Weil
Nasci na família (materna) umbandista há mais de 60 anos, tendo a pratica mediúnica e ritualística acontecendo já há 36 anos ininterruptamente, atendendo pessoas doentes emocionalmente e espiritualmente, carentes materialmente e espiritualmente. É uma jornada e tanto.
Antigamente a Umbanda se enraizou resistindo aos preconceitos como forma de resistência e foi adquirindo dogmas e ritos trazidos pelos seus Mentores.
Tudo isso foi só para localiza-los nesse tempo-espaço.
Explano aqui a visão holística dessa minha experiência focando na abordagem cientifica, filosófica, espiritual, baseado nos pilares que são a filosofia, arte, ciência e a tradição.
Weil (1987), nosso mentor e um dos idealizador da Unipaz nos diz que “O homem se caracteriza, em seu comportamento cotidiano, por uma busca constante de felicidade, de alegria de viver, de paz interior; ele procura o prazer e foge da dor. Isto mostra que existe, profundamente enraizada no âmago do seu ser, a memória de um estado de plenitude sem obstáculos e de êxtase permanente.”
No seminário a “Arte de viver em paz” ensinamos que para viver em paz precisamos desenvolver a Paz Interior, isso implica em centrar nosso ser, nos tornar holocentrados, e para isso é necessário ter um cuidado e um olhar para três espaços:  a paz no corpo, a paz no coração e a paz de espirito.
Extremamente simplista e resumidamente a Paz no corpo implica na circulação da energia vital (prana, campo de energia universal, Ka) e no bem estar do físico
Esta energia passa por canais sutis, parte integrante do corpo físico muito difundido pela medicina chinesa e integrais – quando estes canais estão livres, tudo fica em harmonia no corpo e nos proporciona o estado de paz fisicamente falando no espaço físico, material do sentir.
Uma experiência pessoal e tomada de consciência sobre a alimentação: durante trinta anos da vida eu comia de tudo e muitas vezes sentia-me indisposta devido ao alimento e sempre culpando a comida em si e eu ficava com mau humor danado. Tomando consciência que isto vem da fantasia da separatividade existente em mim e que bloqueia os canais sutis fui me libertando da necessidade de comer alguns temperos, produtos, embutidos. A experiência com a pimenta foi a que mais chama a atenção por provocar um aquecimento nas entranhas e eu fico muito reativa depois que tomei essa consciência passei a evitar bastante a ingerir e automaticamente meus canais fluíram melhor. Na vida de santo também temos muito preceitos de não comer alguns alimentos de acordo com as iniciações ou o orixás principais do discípulo. Quando eu ingiro a pimenta, mesmo inconscientemente, sinto uma forte tensão muscular e ativa gatilhos emocionais e fico reativa. hoje não ingiro pimenta.

Quando afrouxamos essas couraças, como nos ensina Reich (1989), desbloqueamos esses nós, a energia retorna a fluir. Há vários métodos para quebrar os bloqueios energéticos, vimos nas tradições antigas bem como na bioenergética. Outros métodos para manter esse fluxo de energia vital circulando harmoniosamente são através da yoga, lutas marciais não violentas, danças circulares e, para o povo de umbanda, a “dança no santo” que libera muito dessas couraças.
Esses métodos passam, primeiramente,pelo relaxamento do corpo físico. É interessante utilizar técnicas de relaxamento quando acordamos e quando vamos dormir.
Também são importantes a dieta alimentar e a consciência no corpo físico para permitir que a energia possa fluir harmonicamente afim de manter a paz no corpo
Para a sentir paz no coração é necessário entender que ela passa pelo aspecto afetivo e emocional da paz. Para desbloquear as emoções destrutivas e curá-las, é essencial se dedicar a pratica constante dos ensinamentos, para isso o exercício – Holopraxis diária é o melhor caminho.

Como já comentei, existem várias técnicas e algumas são bem simples, podendo serem feitas sozinho, outras técnicas já precisam de um mestre ou um terapeuta para conduzir o desbloqueio emocional e afetivo.
Fatores destrutivos da paz são as emoções de indiferença (frieza emocional); apego (memoria de uma dor); cólera (paixão as avessas); ciúme (consequência do apego); orgulho (frieza emocional que surge da autossuficiência, narcisismo, sensação de superioridade-inferioridade). Estes fatores também causam doenças físicas e mantem a fantasia da separatividade que é contraria a Paz.

A melhor técnica para a paz no coração é a consciência desses sentimentos; seguidamente em transformar o ódio em amor (método não-violência) e pôr fim, a psicoterapia.
Quando buscamos a paz de espirito, olhamos como fosse uma coisa mental ou uma energia sutil, mas na visão holística ela é a espiritualidade em si – o estado primordial do ser
Vimos acontecer muito durante os transes ocasionados pelas danças ritualísticas, por exemplo.
Para sentir a paz do espirito é necessário penetrar em si mesmo, a meditação é um exemplo, todavia a paz de espirito é alcançada ou se estabelece quando a meditação te eleva para a fronteira entre o eu e o mundo, e essa fronteira se dissolve. É nesse momento que a paz de espirito se estabelece. É necessário uma disciplina em meditar duas vezes ao dia por vinte minutos, para que o padrão normótico se transforme.
São as experiências espirituais que nos eleva e quanto mais momentos vivenciamos mais seremos Paz.
Eu tive algumas experiência de paz de espirito e vou contar uma que foi incrível.
Eu pertenço a uma “escola iniciática” como já falei, a Umbanda. Exatamente, durante a 5ª iniciação. Num ritual desse, tudo no entorno deve estar organizado com antecedência e em harmonia. Eu estava recolhida e não sentia tanta harmonia assim, minha mente estava muito ativa e preocupada, algo me incomodava, perturbava minha alma. No momento de adentrar ao portal, houve uma dúvida se esse era o caminho e naquele momento, me entreguei e confiei na Espiritualidade que me conduz em um passo de mágica, me vi, totalmente sem cabelo, sentada a cima de uma edificação, olhei para os lados e percebi outras edificações iguais e do mesmo tamanho e da mesma cor. Era uma vale. O sol estava a pique todavia ele aquecia de modo acolhedor na temperatura de um útero. Senti uma leve brisa que proporcionava leveza que integrou no meu ser e naquele momento senti Paz.
Utilizo esta experiência sempre que preciso da energia primordial.

Quando vamos vivenciando diariamente a paz, iniciando pela paz no corpo, na mente e no espirito. Vamos integrando este estado de paz no ser e a felicidade passa a ser integrante.
Sempre quando falo de felicidade me lembro do samba de Martinho da Vila – felicidade, passei no vestibular, mas a faculdade era particular. Uma experiência de êxtase sobre uma conquista reflete a felicidade, mas ela logo vai embora pois a vida material não “mantem” o estado de êxtase.
Buscamos a felicidade sempre. Buscamos onde? Nos prazeres físicos, materiais, momentâneos, no sexo, no abraço, na dependência emocional em um “amor”.
Normalmente quando estamos tristes vamos para onde? Para as compras. Justificamos que precisamos disso ou daquilo e usamos o cartão de credito “porque temos o direito de ser feliz” e temos o prazer momentâneo, porém quando chega a fatura entra o desespero, a tormenta mental e a depressão, porque não há dinheiro o suficiente para pagar a fatura e começa-se a empilhar os motivos para justificar a tristeza, menos a compulsividade que é um “apego”. Se não ir as compras, vai as bebidas, jantares em restaurantes, ou viagem em férias sem uma programação previa com planejamento especifico, e lá vai os meios que são utilizado, tudo em nome da felicidade.
Weil afirma que “fomos feito para a felicidade, mas vida, a nossa existência por algum motivo tem a cor da insatisfação”. Ainda nos alega que “temos conflitos internos existentes anterior ao nosso nascimento, a gente vem de num mundo reducionista cientifico, somático, religioso, místicos e materialista ou substacialista, racionalista, mecanicista e antropocêntrico.”  Que nos leva a Fantasia da separatividade.

Quando surgiu a abordagem holística foi que se passou a unir a ciência e a tradição, a arte e a filosofia, e com essas uniões foi dissolvendo as fronteiras oportunizando darmos um passo para o desenvolvimento.
Quando focamos o olhar para as tradições espirituais ouvimos com unicidade dizerem que a paz interior, social e planetária depende da alegria, amor altruísta, compaixão.
Mais do que isso, para viver a felicidade é necessário investir em virtudes universalmente reconhecidas para a formação do ser pleno e para uma vida comunitária e solidaria: a disciplina, compaixão, responsabilidade, bem querer e o bem conviver, servir (labuta-trabalho), coragem, perseverança, honestidade, lealdade e fé. Essas integram o ser e a alma. Tudo isso junto, agregado, nos torna sagrados
Tem um mantra: que eu goze da felicidade e de suas causas
Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes!

Falar de espiritualidade é falar da essência da Unidade, não de espíritos nem de um Deus religioso e reducionista, ou, limitante. É falar do Deus interno, do namastê, do saravá, do Ori – acabeça como divindade.
Na tradição afro-brasileira o Ori é a voz do coração. Há um proverbio que diz que “quem não cuida de seu Ori, tem mente fraca, frágil, pequena.”  O Ori é a sede da individualização do Ser.
Orí, eu o saúdo
Es aquele que sempre se lembra de nós
Que abençoa o homem antes de qualquer orixá
Nenhum orixá abençoa um homem sem o consentimento do seu ori
Ori, eu o saudo 
Tu que permites que as crianças nasçam vivas
Aquele cujo sacrifico é aceito por seu ori se alegrará abundantemente.
Axé!
Participando do congresso de Felicidade e Espiritualidade em Goiânia, 09/2019, ouvi muitos ícones magníficos ponderando sobre o tema, foi maravilhoso e, alguns pontos, foi de unanimidade quanto a Espiritualidade.
Há muito caminho para a felicidade, mas para a Espiritualidade é necessário a Compaixão, compaixão consigo e com o próximo; é preciso SER amor. Quanto mais somos amor, mais abastecidos e felizes somos.
Para vivenciar a Espiritualidade é necessário romper as fronteiras do eu - ego com experiências internas transpessoais. 
Segundo anotações  feitas por mim durante as exposições no congresso acima citado, foi apresentado que num estudo mais profundo é visto em escrituras viagens astrais como a de Mohammed com o Anjo Gabriel, após escrever o alcorão sagrado; o Anjo Morôi comJoseph Smithque fundou a igreja dos santos dos últimos dias (dizem que usaram cogumelos psicodélicos); Raimundo Irineu e suas visões quando fundou a igreja de santo daime, as visões da ayahuasca com o surgimento da União dos vegetais – todos experiências astrais espirituais o levaram a alterar o comportamento externo e mudaram os padrões de milhares de pessoas. Também temos o SrinivasaRamanujanque se tornou um gênio matemático com a teoria analítica dos números, funções elípticas, frações continuas e series infinitas depois do sonho com a deusa hindu Namakkal; a Madame Walker, a 1ª milionária afro-americana, por ter sonhado com um negro africano que indicava um remédio para sua cura e ela ficou milionária ajudando a milhares de pessoas; Paul MacCartney teve um sonho lindo e escreveu a canção Yesterday.
Essas são experiências únicas – isto é Espiritualidade

Para viver plenamente a Espiritualidade deve-se ter experiências não conduzidas, e nisso a contribuição das abordagens transpessoais é importante porque envolve expansão e transformação.
Só ter uma experiência astral por si só nada acrescenta é necessário expandir esse campo e se transformar, aproveitar para si e expandir a sua consciência num processo continuo.
Houve uma pesquisa sobre experiência espirituais com relação a felicidade do dr.Everton de Oliveira Maraldi, da PUC-SP. Ele apresentou, anotações pessoais, no congresso as estatísticas das experiências espirituais, e foi constatado que “as mulheres têm maior numero, e pessoas que são religiosas ou espirituais, por uso de substancias psicoativas ou por sonhos, viagens astrais ou transe”. Afirma que o número maior de experiências espirituais alinhadas à felicidade deu-se nos centros de umbanda.
Esta informação me chamou muito atenção pois a Umbanda sempre é apontada como não fosse espiritualidade por quem não a conhece e me senti muito honrada por estar neste congresso ouvindo todos esses estudos.
Vou contar outra experiência que vivenciei quando fiquei um a dois anos sem o servir como médium incorporativa, estava dedicando em auxiliar o desenvolvimento mediúnico e espiritual dos médiuns, acolher as pessoas da comunidade e apoiar as Entidades que eram consultadas por meio de suporte energético. Neste mesmo período eu exigia muito de mim profissionalmente e estudava muito; estudava a espiritualidade e o movimento das terapias alternativas e para meu autodesenvolvimento. Isso tudo junto trouxe uma sequela, tive uma aceleração das ondas cerebrais. Em tratamento neurológico fui informada que levaria mais de 5 anos para uma cura. Comecei a buscar a cura por meio das terapias que eu conhecia e por outras indicadas. Num determinado tempo, a amiga de minha mãe de Curitiba entrou em contato porque no centro espírita ao lado da casa dela receberia um médium curador, e muitas pessoas esperavam ansiosas pela estada dele. Lá fui eu. Após uma longa espera fui ser atendida pela Entidade que tocava minha cabeça na testa e nuca enquanto eu em silencio e me entregava ao processo. Depois de um tempo ele tira as mãos e pergunta o que estava sentido, falei: sinto o lado direito da cabeça dormente, ele voltou a posição original, por um tempo melhor, tirou suas mãos e voltou a perguntar o que eu sentia, repeti que estava mais dormente. Ele olha e me diz: você tem que trabalhar num centro espírita; de forma incrédula naquele momento digo-lhe: já trabalho e ele, tranquilamente me disse: é pouco, trabalhe mais. Seriamente sai bem revoltada. Em casa novamente, fui falar com as Entidades da nossa casa e elas disseram, “baba faz muito tempo, muito tempo que você não recebe seus guias, você trabalha só de corpo e mente e não de alma, deixe seus guias vir fazer o que é para fazer”. Deixei. Me curei em seis meses após essa experiência. Demonstra o quanto criei bloqueios energéticos nos canais sutis ao ponto de ter a manifestação de uma doença.
As experiência de alegria que observo nas pessoas-médiuns nos terreiros, é a expansão da consciência durante suas experiências dançando e cantando aos orixás, sendo ponte de auxilio entre as Entidades e as pessoas das comunidades de forma voluntária e amorosa, além da gratidão daqueles que vem agradecer as graças recebidas.
Mas não são só as experiência das incorporações ou sonhos que traz a felicidade. O importante é quebrar os padrões que tudo reduz, que limita e impede vivenciar mais experiências espirituais, além de ampliar, expandir e transformar a consciência, integrando sua individualização para ser pleno.
Na minha visão, pelo olhar da tradição, isso nos leva a compreender a lei de Pemba que nada mais é que as sete leis espirituais em ação.
Felicidade e Espiritualidade caminham juntas e integradas, mas denota uma disciplina, foco e determinação para as Holopraxis, praticas diárias de relaxamento, silencio, entrega e confiança na linha do caracol que expande a cada movimento.
Gratidão

Bibliografia Referencia 
REICH, Wilhelm. Análisisdelcaracter. 3a. ed. Buenos Aires: Paidos, 1986.
WEIL, Pierre. A Neurose do Paraíso Perdido. Ed. Espaço e Tempo Ltda. RJ. 1987
WEIL, Pierre. A Arte de Viver em Paz – Por uma nova consciência e educação. 13ª edição. São Paulo. 2017.