Hoje trago um tema que me faz pensar e debater e me proponho aqui, neste espaço reflexivo, ouvi-las e ouvi-los um pouco.
Há muito tempo faz-se sincretismo com os Santos do cristianismo. Na época foi bem necessário para que o culto dos orixás pudessem acontecer. Todavia, percebo que atualmente, isso não é mais necessário, porém permanece esse sistema.
Busco ter um olhar naquilo que aprendi estudando a magna mãe Stella de Oxossi que em 1983, publicou no antigo Jornal da Bahia, uma ampla reportagem mostrando a sua luta para consolidar a verdade de que “Santa Bárbara não é Iansã e nem Iansã é Santa Bárbara”, e que o sincretismo diminui a potencialidade tanto do orixá quanto do santo.
Quando estudamos, por exemplo, São João Batista podemos aprender que a vida dele e sua missão não parece nada com a mitologia do orixá Xangô.
De longe podemos associá-los.
"Estudiosos mostram que, possivelmente, São João Batista teria participado da vida monástica de uma comunidade rigorista, na qual, à beira do Rio Jordão ou Mar Morto, vivia em profunda penitência e oração... Que a partir do texto de Mateus: “João usava um traje de pêlo de camelo, com um cinto de couro à volta dos rins; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre”... O que o tornou tão importante para a história do Cristianismo é que, além de ser o último profeta a anunciar o messias, foi ele quem preparou o caminho do Senhor, por meio de seus discursos precatórios “Voz do que clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, tornai retas as suas veredas’!” Xavier. Catarina
São João Batista assumia essa missão com lucidez.
Outro ponto da vida de São João Batista que não se iguala a Xangô. Ele diz logo após ter batizado Jesus: “Agora a minha alegria é completa. Ele deve crescer e eu, ao invés, diminuir”.
Falar de Xangô é falar o Rei de de Oyo. Como podemos diminui-lo?
Xangô foi o quarto rei da cidade de Oyó - Nigéria - África, que era o mais poderoso dos impérios iorubás. “Depois de sua morte, Xangô foi divinizado, como era comum acontecer com os grandes reis e heróis daquele tempo e lugar, e seu culto passou a ser o mais importante da sua cidade, a ponto de o rei de Oió, a partir daí, ser o seu primeiro sacerdote” Pradi, Reginaldo.
Lembrando que não há escritos sobre a história de Xangô pois a tradição da oralidade é Princípio Básico na passagem do conhecimento da matriz africana.
Xangô é Rei da pedreira, Rei do trovão, Rei de Oyo - tradição Yorubá. Na tradição Angola, o nkisi dos trovões e relâmpagos é chamado Nzazi.
Xangô orixá da Justiça e da Verdade. Xangô é aquele que resolve impasses e lidera seu povo como ninguém. Atenção: ao pedir por sua intercessão em questões de justiça, deve-se assegurar de estar correto na questão, para não cair na ira do orixá.
Xangô é vaidoso, rico e elegante, absoluto nas montanhas e pedreiras, seus domínios naturais.
Podemos encontrar o sincretismo também em várias outras divindades de diversas tradições, como por exemplo Zeus (gregos), Tupã (Tupi-Guarani), Júpiter(romano) ou Odin(escandinavos).
Se pesquisarmos também, as histórias de São Pedro, São Paulo, São Jeronimo veremos que nada condiz com o orixá Xangô.
Na esperança de ter conseguido alcançar um pouco mais de entendimento sobre o sincretismo religioso e quanto ele não nos cabe mais na tradição afro-brasileira, deixo aqui registrado que a fé em Xangô, em São João Batista e em outras divindades não depende e não dependerá jamais da importância de desfazer esse equívoco sincrético, pelo contrário, nos fortalecerá conhecer o Poder de cada Divindade e de resignificar a conexão da Fé.
Axé de paz e luz!
Que Omulú, Iansã e Oxalá nos bençoe sempre na Luz de Zambi!
Iyalorixá Kátia Luz d’Omulú